4 de janeiro de 2021 Livro sobre Censo Agropecuário tem capítulos com estudos da Embrapa
Especialistas da Embrapa Territorial (Campinas/SP), Embrapa Gado de Corte (Campo Grande/MS), Presidência da Embrapa e Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Brasília/DF) contribuíram com capítulo do livro “Uma Jornada pelos Contrastes do Brasil: Cem anos do Censo Agropecuário” lançado dia 1/12/2020 pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina. A obra é uma parceria do Mapa e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com apoio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A ministra Tereza Cristina ressaltou a necessidade da utilização da inteligência estratégica em uma agricultura cada vez mais tecnológica para traçar o seu futuro e promover o crescimento do setor. Para ela, o papel da Embrapa é fundamental neste processo. “Precisamos de uma Embrapa que esteja cada vez mais junta com o produtor e com as empresas que querem e precisem de tecnologias mais modernas para aumentar a produtividade, para que possamos ter uma agricultura cada dia mais sustentável, que é isso que o mundo hoje exige de todos nós”. Entre as tecnologias sustentáveis disponíveis ao produtor rural, a ministra citou a certificação de Carne Carbono Neutro.
O coordenador-geral de Políticas e Informações do Mapa, José Garcia Gasques – organizador do livro junto com o diretor de Programa do Mapa, José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho – apontou avanços no setor entre o Censo Agropecuário de 2006 e 2017 e apresentou alguns resultados e pontos observados nos estudos publicados no livro. Entre eles, ele destacou o tema abordado no capítulo escrito pela Embrapa Territorial, com a quantificação de 100 milhões de hectares do mundo rural brasileiro, de acordo com dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Além da ministra e dos organizadores, participaram do evento virtual o presidente do Ipea, Carlos von Doellinger, e a presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra. Doellinger também enfatizou o papel da Embrapa no elevado nível tecnológico dos produtos agropecuários brasileiros. “A Embrapa fez uma revolução na agricultura brasileira e hoje o Brasil se tornou um player mundial do agronegócio”, afirmou.
Em seus 28 capítulos, o livro traz um diagnóstico do setor agropecuário brasileiro, elaborado por 64 pesquisadores e professores, a partir da análise dos dados coletados pelo Censo Agropecuário, realizado no país desde 1920. O capítulo “O mundo rural do censo agropecuário não é o do Cadastro Ambiental Rural?” é de autoria do chefe-geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, e dos analistas Carlos Alberto de Carvalho e Paulo Roberto Martinho.
Mais três capítulos da obra têm autores da Embrapa. Os autores do capítulo “Uma visão da produção da agricultura brasileira com base em dados recentes do Censo Agropecuário” são o assessor da Presidência, Eliseu Alves, e a pesquisadora Eliane Gomes, da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire). O também pesquisador da Sire, Otávio Balsadi, é um dos autores do capítulo “Mercado de trabalho e agricultura no Brasil contemporâneo”. Os pesquisadores da Embrapa Gado de Corte, Fabiana Alves e Roberto Giolo, escreveram o capítulo “Produção Intelectual e Inovação no setor Agropecuário”.
Mundo rural brasileiro
O capítulo “O mundo rural do censo agropecuário não é o do Cadastro Ambiental Rural?” aborda as relações territoriais entre o Censo Agropecuário 2017 e o Cadastro Ambiental Rural (CAR) de 2019. É feita uma quantificação e qualificação, em bases territoriais, do mundo rural de produtores rurais do Brasil, passando pelas diferenças conceituais e operacionais entre o CAR e o IBGE e as contribuições das técnicas de geoprocessamento.
Os autores analisaram, a partir do cruzamento por geoprocessamento, a localização geográfica de cada um dos mais de 5 milhões de estabelecimentos agropecuários com perímetros dos quase 5 milhões de imóveis rurais do cadastro. Os resultados dessas análise apontam que o mundo rural brasileiro é muito maior do que se imaginava.
“Nem o Cadastro Ambiental Rural, nem o Censo Agropecuário dão conta, sozinhos, de captar o mundo rural. Os conceitos de estabelecimento agropecuário e de imóvel rural não abarcam as complexas formas de acesso, controle, ocupação, uso, transmissão e transferência de terras no mundo rural. Juntos, CAR e IBGE, graças aos métodos de geoprocessamento, permitem uma melhor apreensão do mundo rural”, destaca Miranda.
Análises territoriais
A partir do cruzamento por geoprocessamento das coordenadas geográficas de cada um dos estabelecimentos agropecuários do IBGE com os perímetros dos imóveis rurais cadastrados no CAR resultaram três subpopulações.
A primeira de 2.849.563 estabelecimentos agropecuários, coincidentes territorialmente com os imóveis rurais do CAR, representa 56,3% do universo levantado pelo IBGE. Essas unidades de produção do Censo Agropecuário 2017 estão cadastradas no CAR.
A segunda subpopulação de 2.214.208 estabelecimentos agropecuários, 43,7% do total, não apresenta qualquer interseção geográfica com os imóveis cadastrados no CAR. A terceira subpopulação é a de 2.214.208 imóveis rurais, 62,1% dos cadastrados no CAR, sobre os quais não incide a coordenada geográfica de nenhum estabelecimento agropecuário.
Para os autores do capítulo, é possível que os imóveis rurais não tenham sido visitados por razões como dificuldades de acesso, produtores ausentes ou vivendo em áreas urbanas, recusa de prestar informação, áreas com conflitos agrários agudos e situações semelhantes. Mas, segundo eles, as principais razões dessa divergência entre o CAR e o IBGE resultam de diferenças conceituais e operacionais. O capítulo analisa e explica essas divergências entre o CAR e o Censo IBGE.
Os especialistas apontam a existência de limites dos métodos e meios disponíveis para captar a dinâmica e a complexidade dos produtores rurais e do mundo rural brasileiro. Eles sugerem que no planejamento do próximo Censo Agropecuário sejam utilizados os dados do CAR e integrados alguns de seus indicadores no próprio recenseamento.
Acesse o livro AQUI.